Nó de nós (2)

Esse nó na garganta
Que não me deixa
(sequer)
respirar

Me faz,
em conta gotas,
aguar a alma
de todo amor.

Me sufocando,
Me transbordando,
Me delirando,

A cada saudade.
A cada gota.
A cada dor.

Mãos dadas

Daí a gente cresce e descobre que o casal que anda de mãos dadas nem sempre é o mais apaixonado, que aquele cara que tem uma família legal nem sempre foi feito pra você, que o casal que tem mil fotos juntos nem sempre estão felizes nelas, e que não é o gosto musical, gastronômico ou astronômico que vai fazer dar certo ou não.
Daí a gente cresce um pouquinho mais e descobre que para amar não é preciso só amor. Mas sim uma combinação de interesses entre andar de mãos dadas,
ouvir uma música e escolher se nesse final de semana vai ser cinema ou teatro.

De 28 de abril de 2013.

Nó de nós

Quase dois anos se resumiram em apenas um sentimento de profundo esquecimento. Diariamente lembro e esqueço que há menos de dois meses minha vida era outra, minhas perspectivas e expectativas eram completamente diferentes.
O meu maior receio é não ter caído em mim ainda, e não ter me dado conta do que fiz. Não sei se sei o que de fato aconteceu; só o passado que me parece turvo, tanto que não consigo enxergar, e acabo não querendo.
Opto por esquecer e fingir que nada aconteceu nos últimos quase dois anos. Mas com isso vem um estranho sentimento de esquecimento de mim mesma; se não vivi nos últimos dois anos, não existi para o mundo também. E então, o que aconteceu?
Há alguns dias eu tento aproveitar as novas coisas boas, mas uma sensação de medo e insegurança me persegue, como se na minha vida houvesse um buraco, um estado de coma. Mais de um ano se passou e eu não fiz nada.

Tudo parece mais claro agora. Essa sensação, agora nomeada, não me provoca tanto medo. Com o tempo - só ele sabe das coisas - tudo vai realmente voltar ao seu caminho, e aos poucos, o tempo que passou não vai importar, porque já vai ter passado muito tempo. E o presente será o passado, o presente e todos os futuros.
Porque é assim que eu quero que seja.

Com a sua promessa de me ligar naquela tarde de sábado, me arrumei por completo.
Fiz unha e cabelo, me perfumei, coloquei a minha melhor roupa e aguardei ao lado do telefone com um livro de contos na mão para disfarçar que estava alí apenas te esperando.
Li e até mesmo cochilei, arrumei o cabelo rapidamente no espelho do banheiro e voltei correndo para minha posição.
O telefone tocou, tossi levemente, tirei o telefone do gancho e atendi: era você. Ligara para mim por engano procurando por outra.

A vida é doce

Dois sentimentos contrários que traem e atraem.
E a pena assume papéis distintos, de bem querer e de apenas viver.
De pena de mim de assim viver.
Viver só a dois, a dois a sós? Ou ser só, mesmo que não esteja só.
Pode depender de momento, e pode ser só de um dos dois lados.
O que transforma a dor em aflição e a luta em mera batalha perdida.







Não saber por onde ir é ainda pior do que não saber para onde ir.
É como saber aonde está a felicidade, mas não saber como chegar até ela.

No amanhã que ainda é hoje

Para a vida que passa e se descobre
(e me descubro) a cada passo.

Olhar o passado e senti-lo no presente
Faz com que o futuro não exista.
Enquanto que a vida, naturalmente, passa
E muitas vezes não passamos juntos
E então, parados no presente, logo viramos passado.

Com tudo,
Espero, apenas, que minha filha seja forte
E não chore pelos cantos (e descantos) da vida como eu.

One and only

Meu Deus, por que o fim se faz de tudo e o começo de nada?
Para começar, basta um passo. Para terminar nada basta, precisa-se de tudo. Todos os motivos que te fazem querer que o mundo acabe e uma nova vida se inicie.
Tudo o que você quer gira tão rápido que perde o sentido. Acontece tão rápido que perde a cor. Os desgostos ficam. Os amores vão.
Viver em uma terra de gigantes te faz acreditar que suas dores não são nada, mas na sua vida suas dores são maiores que você, e acabam sendo tudo.



Meu amor, se eu soubesse o melhor para nós dois
não perderia minha vida chorando.